Cinco anos em Inglaterra

Hoje faz exactamente cinco anos que nos mudámos para Inglaterra. Eu com 19 anos e ele com 24. Com uma filha de quase dois meses nos braços e a pouca coisa que deu para trazer nas malas. 

Confesso que na minha inocência nunca pensei que fossem tempos tão difíceis. Não me refiro á sitiação financeira ou algo do género. Refiro-me ao psicológico, á chamada adaptação. Quanto mais o tempo passava mais difícil era. 
Cinco anos depois já não tenho a mesma visão, apesar de não ser um sonho, para mim, estar aqui, as coisas já não parecem tão complicadas. Já não tenho 19 aninhos e nestes cinco passei por muita coisa que me fez crescer e aprender. 
Se eu pudesse resumir estes cinco anos em apenas meia dúzia de palavras escolheria: crescimento, solidão, saudade, sacrifício, coragem e aprendizagem. 

Aqui não temos uma vida de sonho, não ficamos ricos, aprendemos como a solidão pode doer, estamos longe de quem amamos e empomos isso aos nossos filhos. Vivemos olhados de lado, como intrusos, por vezes.

Parece fácil ser emigrante. Parece um sonho. Mas não é. É difícil. Pelo menos pra mim tem sido. É bom quando o nosso passeio de domingo á tarde é passear em Londres, passar pelo London Eye. Mas o tempo passa e percebemos que o que queríamos mesmo era almoçar na casa da avó, ver os nossos filhos a brincar com os primos ou simplesmente passear pelas ruas que conhecemos desde sempre e isso infelizmente não podemos.

Mas também tem a sua parte boa. Acho que ganhar experiência de vida é a melhor de todas. Sozinhos num país com uma cultura e língua totalmente diferentes da nossa. Responsáveis por dois filhos. Descobrimos que somos capazes de qualquer coisa. 
Aqui conhecemos histórias de vida diferentes. Conhecemos sítios novos, pessoas que vamos recordar para o resto da vida.

Ser emigrante não é fácil. É acima de tudo coragem.




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