Mudanças

Mudanças são precisas. Quando já não nos sentimos bem onde estamos, a fazer o que fazemos ou a viver a realidade que vivemos sabemos que é hora de mudar. 

Chegamos a essa fase das nossas vidas. Temos uma boa casa, ainda que alugada, um emprego estável e dois filhos maravilhosos. Mas quando olhamos á nossa volta não temos com quem compartilhar o nosso jardim nas tardes de verão, os nossos filhos não sabem o que é almoços de domingo na casa dos avós, passar tardes a brincar com os primos ou simplesmente comer um gelado perto da praia, ainda que seja inverno. Não temos um tempo só para “nós” porque não temos com quem os deixar. 
Há certas alturas da vida quando supostamente temos tudo percebemos que afinal não temos nada. Pelo menos o que é considerado o mais importante na vida de um ser humano. De que vale ter tudo se não temos com quem partilhar as nossas conquistas. 

Chegou a hora. A hora de uma grande mudança. Depois de cinco anos de altos e baixos. Conquistas e perdas. Vamos voltar para o nosso país. É uma decisão que pode deixar muita gente confusa, mas eu sou dessas : se não me sinto bem preciso de mudar. Aqui, em Inglaterra, vejo-me muito limitada a todos os níveis. A falta da família, a solidão, a falta de apoio. Para quem tem um filho ou nenhum talvez seja um bom país para morar. Mas para mim com dois filhos não tem sido fácil. Não tenho quem me “ajude” com eles, nem que seja de vez em quando. As coisas são caras. Rendas e infantários são uma coisa de outro mundo. 

Voltar para Portugal não vai ser fácil. Vivo aqui desde os meus 19 anos habituei-me a coisas que em Portugal sei que não existem. Como a facilidade em arranjar emprego ou até a simpatia das pessoas. Vou ter que deixar coisas para trás que me custaram a conquistar. Mas tem de ser. Levo comigo recordações maravilhosas destes cinco anos aqui. Foi aqui que deixei de ser uma menina para me tornar mulher. Assumir responsabilidades. Foi aqui que tive a minha primeira casa, que o meu filho nasceu. Que enfrentei dificuldades que me fizeram crescer e perceber que realmente a vida não é uma mar de rosas. Deixo para trás muitas coisas mas há uma que nunca vou conseguir deixar : experiência de vida. Foram cinco anos intensos de crescimento pessoal.

Aproveitamos que o senhorio quer vender a casa como um impulso para esta grande mudança. Estamos a vender quase tudo o que temos. É triste porque cada coisinha custou-nos muito a conquistar, cada coisinha trás um turbilhão de memórias de coisas que vivemos. Mas prefiro assim. Uma nova etapa requer novas conquistas e novos planos. Ainda faltam dois meses para o grande dia e já ando a sofrer de nostalgia aguda, por isso é que para mim é tão difícil fazer mudanças, sejam grandes ou pequenas. 

Portugal aqui vamos nós ! 

(Calma! Sim já temos empregos e casas em vista! Ter família para ajudar é outro nível e era disto que tinha saudades! 🤪)




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